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Durante anos, tive um blogue. Era um blogue que pretendia retratar o meu lado mais fútil, mais fívolo e mais superficial. Esse lado também faz parte de mim, mas não me define exclusivamente. Falava sobretudo de moda, estilo, desejos de consumo, beleza e, mais recentemente, falava mais um bocadinho de mim. Tive mais de 100 mil visitas.

 

Enquanto falava do lado belo e descomplicado da vida, tudo parecia funcionar bem. Como o blogue se manteve activo durante vários anos, os amigos sabiam da sua existência. As meninas iam acompanhando as tendências e gostavam de ver as fotos. Quando comecei a escrever mais um pouco sobre mim e a desviar-me do propósito inicial do blogue, começaram os problemas.

 

Devido à profissão do meu marido, que é piloto de helicópteros, tenho passado os últimos verões absolutamente sozinha em casa. É que ele passa o verão pelo país em campanhas de combate a incêndios. Para além de eu estar sempre com o coração nas mãos, tenho que lidar com a solidão terrível que é estar sozinha na melhor altura do ano. Aqui, dependo muito dos amigos. Preciso que me chamem para sair, que se lembrem de mim. Custa-me ser sempre eu a pedir-lhes que se juntem a mim, não me quero impôr.

 

Ao fim de dois meses sozinha (com pequenas visitas por parte do marido), resolvi desabafar que nem todos os amigos estavam lá para mim. Era sábado à tarde, um dia lindo e eu absolutamente sozinha. No nosso grupo, sempre gostámos muito de sair, mesmo durante a semana. Há sempre tempo para um café. De repente, o meu marido vai trabalhar e parece que todos desaparecem. Eu fico sozinha e só 2 ou 3 amigos se mantêm comigo. Estranhei e resolvi escrever sobre isso. Muito provavelmente, o problema é meu. O meu marido é que era o elemento unificador e com ele fora eu deixei de existir.

 

Rebentou uma bomba! Houve umas pessoas que ficaram muito ofendidas. De repente, o meu blogue era o inimigo, não deveria ter falado de assuntos pessoais na Internet, era uma infantilidade desabafar sobre a minha vida, nunca tal se viu. Ora, isso gerou um mal-estar muito grande no grupo. Claro que a situação se manteve o resto do verão e fiquei a saber com quem posso ou não contar.

 

Para não agravar as coisas, matei o meu querido blogue. Ainda escrevi mais uma ou outra coisa, mas eu já não conseguia ser espontânea. Sempre que escrevia alguma coisa, ficava a pensar não no que os meus habituais leitores pensariam, mas no que os meus amigos pensariam. Isso era impensável!

 

O último post data de 20 de Agosto, por ocasião da morte de Carlos Paião, que tanto admiro. Antes disso, tinha escrito a 30 de Julho. Foi difícil atravessar o resto do verão com vontade de escrever e não o poder fazer.

 

No dia 8 de Setembro, aconteceu o milagre. Descobri que estava grávida. Uma visita precária de 3 dias durante o mês de Agosto resultaram na minha filha. Perante tanta emoção, era impossível não falar. Precisava de escrever sobre isso, precisava de registar tudo para não me esquecer, para ela poder ler um dia (quem sabe?). Criei um novo blogue, o Teste Positivo. Naquele dia, tudo se resumia a um teste positivo. Hoje, certamente, escolheria um nome diferente, mas quase invariavelmente todas as mulheres descobres desta forma que vão ser mães.

 

Este blogue tem-se mantido secreto desde então. Não quero interferências externas. É só meu e da minha filha. Apenas na semana passada, aos 6 meses de gravidez, resolvi partilhá-lo com a minha mãe. Acho que ela merece ler o que escrevo, o que sinto, ver as imagens que partilho com estranhos que tão bem me fazem. Devido aos facebooks, é natural que não se mantenha secreto durante muito mais tempo, mas agora já não me interessa. Uma coisa que a gravidez me deu foi muita força. Uma força que não sabia que tinha. Quem não gostar, que não veja. Eu sinto que carrego o mundo dentro de mim, sinto-me poderosa, nada mais importa.

 

Não creio que alguém tenha o poder de me fazer terminar este espaço. Talvez a minha filha, mas não acredito que ela algum dia o faça. Eu é que posso deixar de ter tempo para ele, para que possa ter todo o tempo do mundo para ela. Mas até isso merece ser partilhado com outras mulheres. Deixa-me tão feliz poder ler os vossos comentários a dizerem que se identificam com alguma coisa que escrevi, que já leram o blogue de fio a pavio, que acharam alguma informação muito útil e pedem a minha opinião.

 

Obrigada por me fazerem sentir útil. Obrigada do fundo do coração.

publicado às 10:30

O dia do teste

09.09.13

 

Hoje fiz o teste de gravidez e deu positivo. Estou absolutamente em pânico.

 

Andava a sentir-me estranha há já uns dias, mas podiam ser muito bem sintomas menstruais. Mas, como não tomo a pílula desde Abril, havia a possibilidade de estar grávida. Não andava activamente à procura de engravidar. O meu marido passa imenso tempo fora de casa no Verão, por motivos profissionais, e nunca pensei que fosse possível. Além disso, sou super desorganizada. Não fazia a mínima ideia de quando tinha sido o meu último período. Lembrava-me vagamente que quando fui ver o filme "A Gaiola Dourada", estava com dores de barriga e pedi a uma amiga que me levasse um comprimido. Isso foi no dia 7 de Agosto. Não sei se foi o primeiro dia do período ou não. Não sei. Quando achei que já era hora de estar menstruada este mês, comecei a fazer esses cálculos todos e não achei normal. Descarreguei uma aplicação para o iPhone que é como um teste de gravidez. :) Deu que estava muito provavelmente grávida.

 

Sintomas:

- Sensação de que estou com umas mamas enormes. Subir e descer as escadas de casa sem soutien é um tormento. Dói mesmo.

- Vontade de fazer xixi de 10 em 10 minutos. Aliás, acho que quando acabo de fazer xixi já tenho vontade outra vez.

- Ligeira dor abdominal. Até a confundi com as habituais dores mentruais.

- Sono/cansaço. Ando sempre cansada e com sono. Ao fim-de-semana consigo dormir 12 horinhas à vontade.

 

Ao fim de uma semana à espera que o sr. período me visitasse, resolvi comprar um teste de gravidez, hoje depois do jantar. Não queria passar mais uma noite com ansiedade. Em casa, sozinha, verifiquei que deu positivo. Pus o marido em pânico, que também não estava preparado para isto, e pedi-lhe para contar à minha mãe. Já que ele não me quer ouvir nesta fase, alguém tem que o fazer. Só me pediu que falasse também com os pais dele. Pronto, foi uma choradeira pegada.

 

Ora, fazendo as contas, a gravidez há-de ser de umas 3 semanas. Isto é super esquisito. Mas li algures que os especialistas contabilizam as semanas de gravidez a partir da última menstruação conhecida. Nesse caso, engravidei antes mesmo de receber o espermatozóide atrevido e deve estar de 5 semanas. Sei que é absolutamente prematuro e que isto pode dar para o torto. Infelizmente, acompanhei uma amiga que teve duas gravidezes que não evoluíram. Os médicos dizem que é muito normal.

 

Bom, por hoje é só isto. É o meu primeiro dia como grávida consciente.

 

 

publicado às 01:34


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