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A descrição de uma viagem que começou com um teste de gravidez POSITIVO
Há 4 meses atrás, estava eu em trabalho de parto sem saber. As dores que sentia, fui-as anotando no telemóvel, na esperança de não haver um padrão de repetição. E havia e eu não queria ver. Eu queria achar que era normal, o meu marido queria dormir e que eu não o aborrecesse com os meus ais a cada 6 minutos.
Lembro-me da pausa para o banho às 2 e tal da manhã e de como isso me deixou dormir um bocadinho e de como foi frustrante ter acordado novamente com as mesmas dores. Lembro-me do que me custou sair de casa de manhã para ir fazer análises. Lembro-me de ter que ir trabalhar e preparar tudo para que as minhas colegas me pudessem substituir, caso aquilo fosse o parto. (Sim, ainda não estava convencida). Lembro-me de me ter arrastado 2 vezes para o hospital porque as dores já eram um bocadinho para o insuportável. :)
E depois a minha filha nasceu e continuou comigo. A única diferença é que está do lado de fora. E agora até já sinto saudades de quando estava do lado de dentro. E, logo eu, que ate escrevi um post sobre o quão eu detestava estar grávida (http://testepositivo.blogs.sapo.pt/8482.html)
Estas foram as primeiras fotos que tirei à minha filha. Não foram as primeiras fotos dela, não. Essas não as tenho porque não mas dão. Também não há problema, porque gravei tudo, tudinho na minha cabeça. A foto escura foi tirada no quarto, horas depois de ter nascido. Estávamos as duas sozinhas, já toda a gente tinha ido embora e eu pude ficar a olhá-la com todo o amor. A outra fotografia foi no dia seguinte. Dá para ver o quanto mudou e cresceu.
Para mim, hoje a minha vida é antes e depois da minha filha. E depois da minha filha tudo mudou. Vivo por e para ela. Considero um privilégio ser eu a mãe dela. Eu é que estou sempre com ela. É no meu colo que ela acalma. É a mim que os seus olhinhos procuram. Ela já viveu dentro de mim. Há maior privilégio do que esse?
Quando vos falei do meu parto, achei que tinha sido muito (demasiado!) descritiva. Afinal, ainda faltava falar ainda de uma ou duas coisas. Aliás, nunca li nada sobre isso e achei engraçado partilhar aqui.
Após me ter sido administrada a epidural, comecei a sentir imensa comichão no corpo, sobretudo na zona do tronco. A determinada altura, as minhas duas mãos já não eram suficientes para me aliviar. Já para não falar da figurinha que eu estava a fazer a coçar aqui e ali. Perguntei às enfermeiras e confirmaram que era um dos efeitos da analgesia. Pronto, fiquei descansada e já nem me lembro quando é que passou, mas não demorou muito tempo.
A outra coisa engraçada aconteceu já no quarto do internamento. Como sabem, os hospitais são muito quentes. Aliás, uma das minhas preocupações foi arranjar camisas de noite muito, muito frescas porque eu não me sinto bem com o calor excessivo. Então, estava a sentir-me óptima até que mudei da maca para a cama e passei a sentir um frio terrível. Mas era um frio de estar a tremer. Puseram-me uns cobertores na cama e continuei a tremer. Passado umas horas, já estava a transpirar. Tirei os cobertores da cama e continuava a transpirar. Foi assim nos dias seguintes e, mesmo, já em casa. Foi-me dito que eram alterações hormonais.
E, pronto, era isto.
Cheguei agora da minha consulta das 28 semanas, já a caminho das 29.
Perguntou-me como andava, se tinha desconfortos, ardor ao urinar. Falei-lhe que tenho tido contracções, apesar de serem daquelas sem dor, as Braxton-Hicks. Ele disse que até 3 ou 4 por dia seria normal. Eu não faço grandes esforços físicos e costumo ficar com a barriga mais dura, como se fosse uma cãibra, quando subo muitas escadas ou sento e levanto com frequência. Disse que deveria começar a tomar magnésio (Magnesona), juntamente com o Folicil. As tensões estava óptimas, como sempre estiveram. O teste de tolerância à glicose que fiz há duas semanas atrás também estava óptimo. Depois, fui para a balança para avaliar as desgraças deste último mês. Resultado: 70kg. Ele disse que tinha esperança que eu levasse o meu peso certinho, mas já está tudo fora dos carris. Bem, convém referir que ele usa como referência os 61kg do início da gravidez, quando eu emagraci 2kg. O meu peso normal é 63kg, logo engordei 7kg e não 9kg. Também não vou estar aqui a regatear 2kg. Um peso adequado é do meu interesse e não do médico ou do meu marido. Tenho que voltar à dieta equilibrada, mas custa tanto não ceder de vez em quando...
Depois, passámos à ecografia. E não é que a safada já deu a volta? Eu achei isto muito estranho porque sempre achei que fosse dar conta dela dar a volta. Pensava, mesmo, que pudesse doer. Afinal, é um bebé que a rodar sobre si mesmo dentro da minha barriga. De facto, notei que há mais ou menos duas semanas a minha barriga ficou mais pesada e maior. Pensei que fosse a criança que tivesse crescido. Mas foi mesmo a sensação de peso, por estar com a cabeça para baixo. Depois, duplamente safada, voltou a virar-nos o rabo. Estava completamente de costas. Vi-lhe o pescocito e uma orelhinha. Ele lá andou a medir a cabecita e diz que está com um tamanho normal para a idade. Também tinha líquido amniótico suficiente e, pronto, está tudo bem.
De volta à mesa, perguntei-lhe como seria o parto, tendo em conta o meu historial recorrente de hemorróidas. Ele garantiu-me que, em princípio, esse não seria um motivo para uma cesariana. Às 34 semanas, temos que fazer uma análise do meu útero, dos ossos pélvicos, do sangue e tudo isso determinará que tipo de parto será o mais indicado. Garantiu-me que já não há partos com dor, que um parto vaginal só de enfermeira é sempre o mais desejável, porque é sinal que não houve necessidade da intervenção médica.
Saí de lá cheia de medo do parto. Saber que a criança já está orientada para sair, dá-me uma sensação de que ela pode querer nascer a qualquer altura. O médico disse que os bebés podem querer sair em qualquer posição. Estar de cabeça para baixo não acelera partos. Adoro desfazer estes mitos da minha cabeça, mas confesso que não estou totalmente convencida.
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