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Há uns dias chegou-me a informação que uma pessoa tinha dito que não queria ser como eu, que só vivia para a minha filha. Nunca me senti ofendida, até porque também me comparou com outra mãe que muito admiro.

Para pôr os pontos nos is, começo por dizer que a minha primeira prioridade na vida é a minha filha. E é-o desde o momento que soube que estava dentro da minha barriga. O sentimento de importância que ela tem na minha vida tem vindo a crescer exponencialmente: quando a comecei a sentir os seus movimentos, quando a barriga se tornou maior, quando nasceu, quando a acalmei junto ao meu peito, quando mamou, quando me apertou a mão, quando sorriu, quando, quando... o amor é maior do que ontem e os laços estreitam-se a cada segundo que passa. Qualquer mãe me entenderá. Quem não o é, poderá ter dificuldades em perceber isto. 

É que isto de eu colocar a minha filha em primeiro lugar, não me impede de fazer outras coisas. Faço-as é menos. Dá para ver pelo número de posts no blog, que reduziu dramaticamente. 

Eu sempre disse que entendia o que era ser mãe, porque era filha. A minha relação com a minha mãe é muito umbilical, e só reproduzo o que me foi ensinado. Eu escolhi ser mãe aos 35 anos porque já sabia que, a partir do momento que fosse mãe, tudo o resto poderia parar e ainda não estava preparada para largar o que tinha. A verdade é que hoje me arrependo de não ter sido mãe antes. Eu achava que estava ocupada a fazer coisas muito importantes, mas andei foi entretida, a perder tempo. Adiei a maternidade por nada!

Para aquelas meninas de trintas que me criticam por estar dedicada à minha família, pensem bem em quem andará mais feliz. Eu ou vocês? É que eu tenho o sono interrompido todas as noites desde há 2 anos, não saio para beber, não voltei a ir à discoteca, nunca mais consegui acabar um livro ou mesmo uma revista, não vejo TV em directo, vou ao cabeleireiro e à esteticista quando posso e ainda não consegui ir para o ginásio. Estou cansada, mas estou muito feliz. Na presença da minha filha, estou sempre a sorrir (sim, mesmo quando me acorda durante a noite!), já perdi todo o peso da gravidez graças à minha filhota, não leio nem vejo TV, mas aprendo todos os dias a ser uma pessoa melhor com a minha filha, e não sinto saudades nenhuma da noite. 

Há muitos motivos que podem levar uma mulher a não querer ter filhos (homem errado, carreira, egoísmo, falta de instinto maternal...). Está tudo muito bem! Agora, não critiquem quem está no ninho com a sua cria e é muito feliz. É muito feio.  

publicado às 17:34

  • Isso é trabalho de mãe.

Bem, a não ser que se esteja a referir a amamentar, nada é exclusivamente trabalho de mãe.

 

  • Preciso de ter privacidade.

Privacidade? A sério? Então e eu?

 

  • O que fizeste o dia todo?

Eles que se atrevam a perguntar isso e arriscam-se a levar um sermão de duas horas só para relatar o que se fez de manhã.

 

  • Outra vez pizza?

Sim, outra vez pizza. A não ser que queiras cozinhar-me o repasto que eu mereço, então aí não é pizza.

 

  • Estás com um ar cansado.

Obrigada, amor. Ando a trabalhar imenso para ter este look.

 

  • Não te preocupes!

Eu deixo de me preocupar quando tu deixares de me pedir que não me preocupe.

 

  • Onde é que estão as minhas meias?

A sério, não nos aborreçam com estas coisas.

 

  • Por que não fizeste isto ou aquilo?

Talvez porque não tenha sequer tempo para me coçar.

 

 

publicado às 18:02

Trabalhei a tempo inteiro até ao dia em que a minha filha nasceu. Menos de um mês e meio mais tarde, já estava de volta ao trabalho. Foi a muito custo que o fiz e bastante contrariada.

Trabalhar durante a gravidez não me custou muito. Trabalhei grande parte do tempo no meu sofá, ora sentada, ora deitada. O trabalho que faço não é muito exigente fisicamente, por isso não foi muito preocupante ter trabalhado tanto.

Trabalhar menos de um mês e meio depois do parto, isso, sim, foi arrasador. Em primeiro lugar, eu estava fisicamente debilitada. Não pelo parto, mas pela maternidade. Ter um bebé é fisica e emocionalmente desgastante. Apesar de exausta, tudo o que eu queria (e quero!) era cuidar da minha cria, estar perto dela, vê-la respirar, vê-la medrar. Sermos obrigadas a interromper isso é de uma violência que não se consegue explicar. Tentei o mais possível não me separar da minha filha, mas nem sempre foi possível e compreendido por todos. Hoje, tento trabalhar com ela ao meu lado, mas a atenção que não lhe dou a todo o momento, perde-se para sempre.

Infelizmente, a sociedade espera que sejamos boas mães, mas também boas profissionais, boas esposas, boas amigas, boas filhas e boas mulheres (ou mulheres boas). Na minha perspectiva, isso não existe. A ideia de mulher glamorosa, elegante, bem sucedida, linda, amada, cheia de filhos lindos e bem comportados não existe. Muitas mulheres tentam passar essa imagem e nós, burras, acreditamos que é possível. Pior, as pessoas perto de nós acreditam que é possível e incentivam-nos a atingir esse nível. Eu não me consigo dedicar a tudo e a todos nesse grau de excelência que é esperado. E, para me tentar aproximar ao de leve desse patamar, eu fico para trás. É o que tem acontecido. Tenho-me deixado ficar para trás para responder a todas as expectativas que têm de mim.

Nos últimos meses, tenho pensado muito na minha vida. Apetece-me mudar tudo, agora que tudo já mudou para sempre. E, no meio de tanta reflexão, de tanto reposicionamento perante o que realmente me importa, recebo 2 notícias a nível profissional que me podem alterar a vida: uma promoção (daquelas que não nos trazem mais dinheiro, mas mais responsabilidades e trabalho) e a possibilidade de viajar para o estrangeiro em trabalho.

Numa altura em que só me apetece ficar quieta a observar a minha linda menina crescer, estas mudanças todas não me agradam. Compreendo que o Portugal dos dias de hoje não traz muitas oportunidades a quem as quer e trabalha muito para isso e eu não sou ingrata. Deus tem-me posto muitas coisas boas no meu caminho e eu tenho sabido usá-las sabiamente. Perante estas propostas, eu fui dizendo que sim, mas só me apetecia ter dito que não. Da promoção não me escapo, mas vou tentar o mais possível não ir para o estrangeiro. Não me vejo longe da minha filha e, sobretudo, não tão longe. Desejei isto tudo há muito tempo atrás. Agora não.

Nestas alturas, (e perdoem-me aquelas pessoas que infelizmente não têm um trabalho) não consigo evitar sentir uma pontinha de inveja daquelas mães que têm o privilégio de estar todos os minutos do dia com os seus filhos e poderem dedicar-lhes todo o seu tempo.

 

“Mothers are all slightly insane.”

J.D. Salinger, The Catcher in the Rye

publicado às 16:12

Um mês e tal não! Para ser mais concreta, eu sou mãe há muito tempo. Gosto de cuidar dos outros, gosto de proteger. Sou mãe fervorosa e sofredora dos meus animais. Sei que devia tratá-los como bichos que são, mas não consigo. Toda a vida quis ser mãe de uma pessoinha, mas a gravidez e o parto afastavam-me dessa ideia. Depois, também não era uma pessoa muito dada a crianças pequenas, muito menos bebés. Não sabia muito bem o que fazer com eles, sobretudo se ainda não falassem. Com os animais é diferente. Sou capaz de atravessar a rua para fazer festinhas num cão. Eles não falam, mas nem precisam de o fazer.

Então, se já me sentia mãe há muito tempo, mas não foi logo que me senti mãe da minha pequena princesa. Recebi a informação de que estava grávida, mas só quando senti os movimentos dela é que a ficha caiu. O sentimento de protecção, porém foi imediato. Sabia que tinha que proteger alguém que ainda não conhecia.

Há 6 semanas e 1 dia conheci, finalmente, o meu amor maior. Foi assustador vê-la cá fora e poder tocar-lhe. Que grande responsabilidade! Foi ela que me ajudou. Ela já me conhecia há mais tempo do que eu a ela. O mundo dos bebés era uma total novidade para mim. Sempre achei que um bebé não dava nada em troca. É tão errado! A mim basta-me ficar a olhar para ela para ter a maior recompensa de todas. Ela não precisa de fazer nada. Nas primeiras duas semanas, tenho a sensação de que não dormi nada. Ora estava a tratar dela, ora a olhar para ela. Dormir era o maior desperdício de tempo. Hoje, já me permito dormir. Sei que tenho que estar bem para cuidar dela.

Não gosto de me separar dela. Sempre que o fiz, estava ausente, sempre a pensar nela. Olhava para o relógio, aguardava notícias, uma aflição. Tenho a certeza de que fico pior eu do que ela. Mas sei que um bebé tão pequeno não fica indiferente à ausência da mãe. A minha pequenina está sempre comigo, sente-me, sente o meu cheiro. É normal que sinta a minha falta. Não deve é ficar tão ansiosa como eu.

Um mês e tal depois da minha princesa ter nascido, só me arrependo de não ter tido a ousadia de ser mãe antes. É, efectivamente, a melhor coisa do mundo. Compensa todas as indiposições da gravidez, cansaço, alterações do corpo, dores, o parto. Posso estar ainda sob o efeito das hormonas, mas ser capaz de fazer um ser humano é simplemente um milagre da natureza.

Só para terminar, queria deixar-vos com uma frase que uma amiga me disse um dia destes. Ela, completamente apaixonada pela sua filha, dizia que esta tinha nascido dela, mas não era sua. Pois eu discordo. Para mim, a minha filha é minha. Ainda não cheguei a esse nível de desapego. É minha, minha, minha. Pronto! E um bocadinho do pai. :)

 

publicado às 16:43


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