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Até por volta dos 12 meses, a Maria Victória foi um bebé extremamente fácil. Raramente chorava, estava sempre feliz e bem-disposta e era extremamente sociável. Agora, aos 17 meses, continua assim, mas chora. E chora, sobretudo, quando me afasto dela.

Eu já tinha lido que esta coisa da angústia da separação surge nos bebés entre os 7 e os 9 meses. Essa fase passou e eu fiquei muito descansada. Achava que já me tinha livrado de mais uma dificuldade. Dava-se bem com toda a gente, estranhos ou familiares, ia ao colo das pessoas, e passava muito tempo com os avós, sem reclamar. Ou seja, não havia qualquer angústia na minha ausência. Mas, pelos vistos, é normal isto acontecer em qualquer altura até aos 18 meses. 

Quando, em Agosto, passei o mês inteiro, o dia inteiro, com ela, tudo mudou. Andava à minha procura pela casa, chamava por mim, evitava o colo de gente que não conhecia. Quando regressámos a Vila Real e voltou à sua rotina de passar o dia na casa dos avós, já nada era o mesmo. Não queria ir, chorava, não queria sair do meu colo. Mesmo em casa, chora se saio da divisão onde estamos. E agarra-se ao meu pescoço a chorar. Sempre acordou uma ou duas vezes por noite, mas rapidamente regressava ao sono. Agora, chora copiosamente. E quer estar no colo, mas quer que eu esteja de pé. Se me sento na cama ou na cadeira de baloiço com ela ao colo, chora e não pára. Este espectáculo 2 vezes por noite tem sido terrível. 

 

Como é que eu sei que a minha filha está a passar pela fase da angústia da separação?

 

Essencialmente, porque ela cumpre todos estes requisitos:

- Não quer sair do meu colo: grita, chora ou reclama sempre que saio do seu campo de visão ou me afasto. 

- Rejeita pessoas estranhas. Quanto mais se aproximam, tentando tocar-lhe ou dar-lhe um beijo, pior é. Fica com medo e chora.

- Não se sente bem em ambientes que não se são familiares. O caso mais flagrante é a creche. 

- Tem dificuldade em adormecer e acorda com frequência durante a noite. Só acalma no meu colo.

- Medo do banho, da água... este é o mais recente sintoma.

 

Por que acontece?

A boa notícia é que acontece porque o desenvolvimento psíquico da criança está a decorrer de forma correcta. O bebé toma consciência de que é distinto da mãe e sofre com a separação. Como não tem a percepção de que vai voltar, acha que é a ausência da mãe é para sempre. Se não vê, não existe. Como não tem noção de tempo, 1 minuto só para a mãe ir à casa de banho pode parecer-lhe uma eternidade. Agora, sim, já compreendo o sentimento de abandono e por que chora mesmo quando me ouve. Deve ser mesmo terrível achar que a mamã não vai voltar.

Desta forma, o bebé também aprende a distinguir quem lhe é familiar de quem não é. Também não é menos comum, o bebé afastar pessoas que lhe são familiares e focar a sua atenção apenas na mãe. É importante que estas pessoas que gostam tando do bebé não se sintam mal por serem afastadas. Sobretudo, esta também não é uma fase pela qual todos os bebés tenham que passar desta forma tão angustiante.

 

O que se pode fazer para ajudar o bebé?

As angústias e medos fazem parte da vida e não devemos evitá-los e, sim, aceitá-los e superá-los. Por isso, a missão é enfrentar esta fase com coragem. Muita força, porque eu estou quase a perder a minha.

 

- Não deixar o bebé chorar sem lhe prestar atenção. Tranquilize-o. Dê-lhe colo. Eu faço sempre isso. Até estava com receio de estar a pecar por excesso. Fico feliz por poder continuar a confortar a minha menina.

- Não deixar o bebé sozinho por muito tempo ou num quarto escuro para que ele vença o medo do abandono. Credo! Até me dá arrepios de saber que há pais que fazem isto. Nunca seria capaz de fazer isto.

- Se chorar duranto o sono, não se deve tirar o bebé da cama, ou estaremos a alimentar um transtorno do sono. Neste caso, deve-se tranquilizar o bebé, falar com ele e tocar-lhe para que regresse ao sono. Aqui estou claramente a fazer a coisa errada. Pego na minha filhota ao colo sempre que ela acorda. Este é um exercício para pôr em prática já esta noite.

- Permitir que o bebé acompanhe a mãe. Sempre que é possível, levo a minha filha comigo. Adoro que me acompanhe.

- Brincar às escondidas. Além de divertir o bebé, vai ajudá-lo a perceber que as coisas e as pessoas não desaparecem ainda que não estejam no seu campo de visão. O mais engraçado é que sempre brincámos com ela às escondidas desde bebé pequenina. Esta brincadeira sozinha, pelos vistos, não evitou a angústica da minha filhota.

- É boa ideia explicar às pessoas que o bebé está a passar por uma fase de angústia e que não levem a mal algum comportamento que não era habitual. Essas pessoas devem aproximar-se lentamente, brincando, falando, mantendo-se perto da mãe. Nunca coloque o bebé no colo de um desconhecido contra a sua vontade. Eu tento explicar, até porque às vezes é um bocado constrangedor. Sempre falei as melhores coisas do comportamento da minha menina que é difícil entender algumas reacções.

- Exponha o bebé a outras pessoas, sempre no seu colo. Isso não é problema. Faço questão que ela conheça muita gente. Se estiver comigo, no meu colo, reage bem às pessoas. Se querem tocar-lhe, então a coisa é diferente.

- Se o bebé chora muito quando a mãe tem que sair para trabalhar, é importante que esse tempo de afastamento seja o mais curto possível, até que ele perceba que a mãe vai regressar. Férias ou viagens de trabalho são de evitar. Isso não é problema. Não me afasto da minha filha mais do que as horas necessárias para trabalhar.

- Se esta fase se prolongar apesar de todos os esforços, é bom que se contacte um pediatra. Também pode ser que o bebé sinta falta de carinho ou atenção por parte de quem o cuida quando não está com a mãe. Isto não se aplica a nós. Falta de afecto é coisa que não existe.

- Caso tenha plena confiança na pessoa que cuida do seu filho, tente telefonar para lá 10 minutos depois de o ter deixado. Provavelmente, a angústia já passou. Isto confirma-se. Sai de casa num pranto e minutos mais tarde já está entretida com a sua vida. Fico muito mais aliviada.

- Muitos bebés, em especial os mais velhos, começam a apegar-se a um objecto de transição, uma manta ou brinquedo, que os ajuda a superar esta angústia. Não notei nenhum objecto com predilecção especial. Gosta de todos os brinquedos, mas rapidamente perde o interesse e passa para outro.

- Despedir-se sempre do seu bebé, diga-lhe que a mãe vai, mas volta. Não desapareça de repente. Desde que comecei a fazer isto que as coisas têm sido mais fáceis. Sempre que a distraem para eu ir embora ou ma levam é pior. Faço questão de lhe dar um beijinho, dizer-lhe que gosto muito dela e digo adeus. Espero que me acene de volta e acho que começa a compreender.

- Nesta fase, não se devem alterar rotinas. Ou seja, não é o momento ideal de ir para a creche. Oops!! Foi exactamente o que fizemos. E, de facto, não está a correr muito bem. Estou um bocado perdida e é um work in progress.

 

Espero que este texto tenha ajudado mães cujos filhotes estão a passar por esta fase. A mim, que fiz a pesquisa, ajudou imenso. Caso tenham outras sugestões, por favor, deixem nos comentários.

 

http://www.mustela.pt

http://www.materna.com.ar

http://www.bebesymas.com

publicado às 22:51


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