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A descrição de uma viagem que começou com um teste de gravidez POSITIVO
No sábado, mesmo antes de fazer 35 semanas de gestação, fui fazer uma sessão fotográfica.
Já andava há meses para a fazer. Gostaria de ter feito uma por mês, mas a disponibilidade não mo permitiu. Além disso, não sou fotogénica e fujo a 7 pés dos flashes. Não consigo sorrir para a objectiva, não consigo sorrir para um estranho, não consigo sorrir quando não me apetece. Fico sempre com uma cara estranha, com os olhos semi-cerrados, uma expressão falsa, de medo, de terror, sei lá.
Então, no sábado lá fui eu ter ao estúdio. Era só eu, o fotógrafo e o meu barrigão. Sugiro que vão sempre acompanhadas. Ajuda a descontrair. O meu fotógrafo era muito simpático, mas no meu caso nem isso adiantou.
Levei umas roupas diferentes, uns sapatinhos, um coelhinho e uma roupinha da princesa. Não usei fitas, nem laços. Fiz umas fotos mais descontraídas, outras a focar a barriga, jogos de luz, contrastes. Foram 2 horas interessantes, cheias de disparos. No final já estava a ficar mais à vontade com os disparos.
Hoje voltei lá para fazer a selecção das fotos. Eram centenas de fotos e consegui reduzor tudo a 40. Fiquei surpreendida porque nunca imaginei que pudesse tem 40 fotos decentes. Há fotos lindíssimas. E tenho a certeza que vou adorar ver essas fotos um dia mais tarde.
Aproveitem a vossa gravidez, abracem-na como se fosse uma experiência única e registem-na. Se não puderem ter 40 fotos, façam apenas 5, mas façam. Não é assim tão caro e vai valer a pena.
Assim que me enviarem as fotos, partilho com vocês, claro.
Nos últimos dias tenho andado a sentir-me muito em baixo. Dias não, semanas. Lamento ter de vir para aqui aborrecer-vos, mas à minha volta já ninguém me atura.
Não tenho sono. Tenho muito sono. Tenho dores no fundo da barriga. Estou gorda. Não tenho nada para vestir. Tenho azia. Tenho fome. Tenho dificuldade em movimentar-me. Tenho sempre vontade de fazer xixi. Tenho imensas carências afectivas. Tenho medo do parto. Tenho medo de ser mãe. Sinto-me abandonada por todos porque ninguém me entende.
Sempre que começo a lamentar-me, só me dizem que já falta pouco. Já ando a ouvir isto desde o início da gravidez. É rápido o tanas! Há mulheres que adoram estar grávidas e o tempo deve passar depressa para elas. Para mim não. Apesar da gravidez não ser tão má como eu antecipava, também não é um estado agradável.
Eu queria ter feito um babyshower. Ninguém à minha volta mostrou grande disponibilidade para isso. Eu queria ter celebrado a minha gravidez, a chegada da minha bonequinha. Falei com as amigas e alguma família. Ninguém se disponibilizou para fazer nada. Foi mais do género "Se precisares de alguma coisa, diz." Claro que preciso de alguma coisa. Preciso de tudo. Sinto-me tão cansada que não me apetece organizar um evento todo sozinha. Daí serem as amigas a organizar estas coisas. Há mais de um mês atrás, procurei um espaço que organiza estas festas. Pois até aí fui esquecida. Ficaram de me contactar com os grafismos, cores, orçamento, etc. e nada. Acabei por desistir.
Cá em casa também não há grande entusiasmo com nada. O marido nunca tem tempo para mim. Para o arrastar para as compras ou tomada de decisões é uma luta. Não faz nada. Nem sequer me tira fotografias. Tive que ir sozinha a um estúdio de fotografia registar esta fase. Cá em casa, há iPhones, iPads, máquinas fotográfias. Só falta é tempo.
Para ajudar, a minha família não está por perto. Faria toda a diferença. Acho que só eles é que vêem esta gravidez do meu ponto de vista, onde também eu sou protagonista e não apenas a bebé. Lá porque amo a minha bebé, isso não significa que deixe de me amar a mim, não acham? Por outro lado, acho normal que a família do meu marido esteja mais focada na bebé. Na verdade, eu sou apenas o forno, não é verdade?
Há dias em que me sinto melhor. Ter de trabalhar a tempo inteiro também não ajuda. Mas ainda bem que trabalho, ou então já me tinha entregado à depressão. Para já, só penso em descansar o mais possível e restabelecer-me para receber a minha boneca na melhor forma possível.
Peço desculpa pelo lamento, mas tinha que falar. Tenho evitado vir para aqui falar neste estado, mas também é capaz de ser um efeito da gravidez. Por isso, acho que é legítimo falar de como eu me sinto.
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