Foi numa Quinta-feira Santa, como a de hoje, que a minha bebé nasceu. De forma completamente inesperada, surpreendeu-nos a todos com a sua chegada. Quando nasceu, às 21:25, estava toda a gente cá fora à espera para ver a bebé mais linda do mundo. Era grande a euforia e pudemos estar todos juntos no recobro. Eu também estava muito bem, fruto de uma epidural com efeitos prolongados. Depois, fui para o meu quarto e lá ficámos só as duas, como hoje. Naquela noite, no escuro silencioso do hospital, eu ia ouvindo ao longe o choro de outros bebés. Mas a minha bebé não chorava. Eu estava cheia de curiosidade para a observar e estudar cada detalhe. Mas também tinha pavor de que chorasse e eu não soubesse o que lhe fazer. Então, deixei-me estar quietinha ao lado dela, não fosse eu perturbar o sono daquela princesa. Hoje, já não tenho medo desse toque. Sei que não incomoda, só acalma, sossega, apazigua e, até, cura. Estas noites em que estamos só as duas são só nossas. O colinho que partilhamos é paliativo para as duas.